sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

NATAÇÃO COMPETITIVA

Santo André terá treinamento de natação para pessoas com deficiência

Ação amplia a parceria entre Prefeitura, governo estadual e Acide, sendo realizada por meio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte

A partir de fevereiro de 2012, a Prefeitura de Santo André irá oferecer treinamento de natação para pessoas com deficiência física e visual que saibam nadar. As atividades, voltadas para esportistas a partir de 14 anos de idade, serão realizadas no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia, no período noturno. O objetivo deste projeto, denominado ‘Nadar é preciso’, é identificar novos talentos para o esporte e criar equipe de competição na cidade.
Isto será possível graças à ampliação da parceria entre a Prefeitura andreense, o governo do Estado de São Paulo e a Acide (Associação pela Cidadania das Pessoas com Deficiência). Esta parceria ocorre desde 2002 com o curso ‘O esporte ao alcance de todos’, realizado no Nanasa – Núcleo de Apoio à Natação Adaptada de Santo André. O projeto, direcionado à iniciação em natação, atende 240 pessoas com deficiência física, intelectual, auditiva e visual.
“É com muita felicidade que realizaremos esta nova atividade em Santo André. Estamos trabalhando fortemente para melhorar cada vez mais a qualidade de vida das pessoas com deficiência e ajudá-las a se conscientizar de que todos somos capazes. Muitas vezes, podemos superar limites estipulados anteriormente. Nosso papel é ajudar nessa superação por meio de políticas públicas como esta”, afirma Alexandre Francisco, o Xande, assessor de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência do Departamento de Humanidades da Secretaria de Governo de Santo André.
Ambos os projetos recebem patrocínios por meio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte, que, desde 2011, possibilita empresas a destinar recursos devidos do ICMS para estas iniciativas esportivas, aprovadas pela Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo. Para participar, as pessoas interessadas deverão marcar teste prático de avaliação pelos telefones (11) 4993-0619 ou 4427-5240, entre os dias 16 e 20 de janeiro, das 9h às 17h.
Serviço:
Natação destinada a
 pessoas com deficiência física e visual
Teste para avaliação: De 16 a 20 de janeiro

Endereço: Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia – Rua São Pedro, nº27, Vila Pires, Santo André 
Informações: (11) 4993-0619 ou 4427-5240

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

É TEMPO DE FÉRIAS


O Papai Noel e a virada do ano passaram, é chegada à época de férias.
Lembro-me muito bem quando criança que nesta época batia uma nostalgia da turminha da escola que ficou pra trás, daqueles momentos vividos no primário que eram tão interessantes, período da vida em que tudo era novidade, tudo era aprendizado. Aquela pessoa que nos ensinava o abecedário e nós chamávamos de tia, seria depois a nossa professora e mais adiante ainda o nosso mestre.
Vou me sentir um pouco velho em dizer isso, mas, tudo bem; envelhecer é fazer história e a história deve ser contada. Na minha época de infância a Turma do Balão Mágico era o grande sucesso na TV e tinha uma canção deles que se chamava “Amigo e Companheiro”; a letra dessa música em determinado momento narrava exatamente como eram nossas férias, quando crianças.
Muitas situações em nossas vidas mudam apenas de endereço, de nome, mas na essência são iguais, e assim eram as brincadeiras de criança, as férias; mas comigo, teoricamente, seria diferente: afinal eu tinha nascido com uma deficiência. Hoje falamos de inclusão, acessibilidade, mas na década de 80 tudo isso era muito diferente. Para terem uma ideia, apenas em 2006 a ONU adotou uma nova lei, a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual o Brasil só veio a ratificar em 2008. Com isso como acham que eram minhas férias? As pessoas com deficiência brincam? Passeiam? Viajam?
Bom, não saberei dizer a palavra exata para definir essa situação que vou colocar pra vocês, mas a que mais talvez se aproxime do que pretendo definir nesse momento é a palavra sorte. Agora ficou ainda mais confuso né? Como uma pessoa que nasce com deficiência usa a palavra sorte para definir algo? É simples, ou nem tanto simples, mas o fato é que em 1976 quando pouco se falava em deficiência – inclusão, então, nem pensar -, nascer com deficiência e a família rapidamente absorver o impacto da notícia do recém-nascido e dar a ele um direcionamento com toda naturalidade e o mais normal possível, fazendo com que seguisse os mesmos caminhos dos meus outros dois irmãos, deixando sempre muito claro os direitos, deveres e obrigações que me cabiam, foi ou não sorte?
Com o apoio de toda família, principalmente minha mãe, eu fazia tudo o que qualquer criança da minha idade na época fazia, claro com algumas adequações; afinal eu tinha uma limitação, não andava como as demais crianças. Mas, graças aos familiares e amigos, este não foi um impeditivo para que eu tivesse uma infância com brincadeiras, passeios, viagens e muitas lições de casa que as tias passavam nas férias.
Eu adorava soltar pipa; para acompanhar meus amigos, minha mãe colocava uma cadeira na calçada e me segurava em seu colo para que eu pudesse soltar a minha pipa; sentado no chão, eu jogava bolinhas de gude com a ‘turma da rua’, na verdade meus vizinhos. Sempre brincávamos juntos e formávamos então a Turma da Rua Manaus. Faço questão de destacar o Vinícius que era meu vizinho de muro, sem dúvida meu grande amigo e companheiro de infância. Adorávamos também rodar pião, bater bafo, mas o que mais eu gostava de fazer era de jogar futebol, futebol sempre foi minha paixão esportiva, a minha brincadeira predileta. Na época eu não usava ainda cadeira de rodas; minha primeira cadeira de rodas eu ganhei quando tinha 11 anos. Até então eu usava um triciclo, chamado de ‘tonquinha’ na época, e com essa ‘tonquinha’ eu fui um grande centroavante, fui Serginho Chulapa, fui o Careca, fiz mais de 1000 gols e muitos de bicicleta; afinal algumas bolas cruzadas pelos Vinícius passaram pelo meu pé e, ao bater no pedal, entrava no gol. Gol de bicicleta certo?
Bem, meus amigos leitores, é isso ai. Com deficiência ou não, férias são férias, vamos às brincadeiras, aos passeios e tudo mais que todos temos direitos. Com muito amor, criatividade e força de vontade tudo é possível. O ambiente em que vivemos deve ser adaptado para que possamos usufruir o melhor possível dele, ter deficiência não é sinônimo de doença, nem de reclusão e muito menos de abdicação das férias. Obrigado aos Vinícius, aos familiares e que todas as pessoas com deficiência tenham essa mesma sorte que eu tive e possam ter suas férias respeitadas. BOAS FÉRIAS.